Em 2021, quando o conceito de ESG dominava as esferas da Sustentabilidade no contexto empresarial, foi possível verificar uma série de organizações destacando que eram “ESG”, como sinônimo de possuírem práticas sustentáveis ou boas práticas em questões relacionadas ao meio ambiente, à responsabilidade social ou à governança corporativa. Nesse ano, elaboramos um primeiro ensaio a respeito da sua rápida adoção pelo mercado.
Dentre as observações preliminares, na contramão do que era ressaltado na época (e ainda escutado atualmente), identificamos que o “ESG” não era somente uma ferramenta de análise do mercado, mas havia se tornado um fenômeno de gestão, tendo em vista a magnitude de sua institucionalização em diversas esferas: desde as mais práticas, ou seja, que se materializam no interior das organizações e em seu cotidiano, como nas esferas mais amplas do mercado, nas quais se consolidam os aspectos regulatórios específicos (a exemplo tivemos as regulações da CVM, e a PR ABNT 2030) e a formação de capital humano para atuação específica na área.
Apesar das discussões trazidas neste ensaio terem sido muito preliminares, recentemente, em alguns grupos de discussão sobre a tema, em diversos momentos me peguei retomando este trabalho. A primeira delas foi realmente no sentido de considerar o ESG não mais como um fenômeno isolado ao mercado de capitais, tendo em vista que as regulamentações têm respingado nas operações de organizações de diversos portes e finalidades. Nesta discussão, um dos assuntos que mais me chamou a atenção pode ser resumido a uma pergunta: “Se o ESG pode gerar uma vantagem competitiva para as grandes corporações, tendo em vista que essas são mais capazes de atender às regulações externas, como poderemos garantir que as PMEs também consigam se manter competitivas?”
Primeiramente, é possível verificar como a temática do ESG afeta as organizações e a sua força enquanto um fenômeno. Em seguida, a resposta para esta pergunta ainda parece estar distante de uma resposta também simples. Não pretendo aqui me aprofundar sobre este importante ponto, tendo em vista que seria necessária uma abordagem mais sistemática para tanto, especialmente, pois essa resposta esbarra em contextos organizacionais específicos (como postulado pela questão da materialidade organizacional), regulamentações mais amplas de mercado, pelas propostas de taxonomias relativas ao ESG, dentre outros assuntos.
Apesar destas regulações ainda estarem em andamento, não há como negar a existência de uma corrida em torno dessa vantagem competitiva relacionada ao ESG e é fato que as empresas que já iniciarem sua jornada de implementação sairão na frente e poderão se tornar players importantes do mercado no futuro.
Para tanto, mais do que a implementação de projetos específicos que são descontinuados pela organização após sua conclusão e mais do que as respostas à frameworks específicos, as organizações devem se comprometer com uma verdadeira jornada pelo desenvolvimento sustentável, com práticas consistentes, materializadas em programas internos específicos e contínuos relacionados aos temas materiais prioritários da organização.
Este esforço, por outro lado, deve ser seguir um estudo aprofundado sobre o grau de maturidade da organização tendo em vista a relação custo x benefício das oportunidades deste novo contexto. Para tanto, se faz necessário uma abordagem sistêmica que considere mais do que aspectos relacionados ao cumprimento legal da organização (compliance), mas abordagens contextualizadas e que identifiquem riscos e oportunidades para o negócio.
Alguns dos drivers por meio dos quais uma boa gestão de questões ESG pode contribuir para a criação de valor já foram destacadas pela Global Compact em seu relatório “Who Cares Win” de 2004 e são listados na tabela a seguir. Elas dizem respeito a elementos que podem trazer mais resiliência para as organizações e suas marcas, e extrapolam a compreensão de tais indicadores como um greenwashing, como, por exemplo, embora um dos drivers se relacione com a “melhoria na reputação organizacional e das marcas”, ele não deve ser entendido simplesmente como a simples estratégia de comunicação da sustentabilidade, mas sim de verdadeiras melhorias na gestão de stakeholders por meio de uma atuação socialmente mais responsável.
Drivers | Principal Setor |
Identificação precoce de riscos emergentes, ameaças, falhas de gestão | Riscos Operacionais |
Novas oportunidades de negócios | Marketing |
Satisfação e fidelidade do cliente | Marketing |
Reputação como um empregador atraente | Marketing |
Alianças e parcerias com parceiros de negócios e partes interessadas | Marketing |
Melhoria da reputação organizacional e de marcas | Marketing |
Reduzida intervenção regulatória | Governança |
Poupança de custos | Financeiro |
Acesso ao capital, menor custo de capital | Financeiro |
Melhor gestão de riscos, níveis de risco mais baixos | Riscos Operacionais |
Se você gostaria de compreender quais as oportunidades que a Sustentabilidade e o ESG podem trazer para sua organização, entre em contato conosco e agende uma reunião sem compromissos!
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